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"Puxa a cadeira, senta, e conversa com o velho amigo".

14.4.12

Estribados na anatômica comodidade
Dos surrados chinelos,
Os velhinhos encurtam os passos,
Fazendo render a contagem
Do passômetro da vida.
(Guerrinha)
Eu sou de seda
Eu sou de pano
Sou bordado de lua
Tenho flores de prata
Eu sou de chita
Eu sou de lã
Sou dura engomada
De flor floreada
Sou uma bandeira
Uma saia rodada
Lencinho pequeno
De espirro e mágoa.

da peça "História de Lenços e Ventos" - Llo Krugli

30.3.12

Entendi tudo

Minha inspiração vem no fim do mês.
Assim como vem o pousar do dia.
Assim como vem o vermelho do mês.

O ato

Escrevo
escrevo
escrevo
escrevo...
Escrevo pra mim.
Escrevo pra você.
Mas escrevo 'sozin'.

Questões

De dia na cama eu fico pensando
se você...
se você...
Eu fico pensando.

Só meios

Sem devaneios certeiros.
Sem ego, sem cheio.
Sem queira ou não queira.
Sem aperto de mão.
Só olhar no olhar.
Só querer sem saber.
Sem crer para entender
Sem olhar para crer.
Sem inferno, sem erro.
Só pecado no meio.
Só pecado com cheiro.
Com sabor, só amor
Todo amor que guardei pra você.
Sem começo, sem fim.

Quem?!

Quem me dera estampar o riso.
Quem me dera decolar a chama.
Quem me dera esquentar a cama.
Quem me dera degolar a lama.
Quem me dera dar nada mais do que apenas sou.
Quem me dera ser você e eu, juntos, num verso em prosa.
Sem cálice. Sem freio. Só meios.

Ah, Maria!

Maria, onde estão tuas forças?
Maria, afasta de ti tua forca.
Maria, quem ria?
Maria, não chores.
Não dessabore.
Que a vida tem sabor, meu amor.
Que a vida quer teu calor, Maria!
Agora não rias.
Apenas venha que eu te pego a mão.

...

O silêncio da cama.
O silêncio da alma.
O silêncio dos corpos.
O silêncio sem calma.
O vazio do peito.
O vazio da noite.
O vazio da chama.
O silêncio vazio.
O silêncio do dia.
O silêncio no drama.
O silêncio sem chama.
O silêncio do verso.
O silêncio. O silêncio.

22.12.11

Ahh, a poesia...

"A linguagem é uma pele: esfrego minha linguagem no outro.
É como se eu tivesse palavras ao invés de dedos, ou dedos na ponta das palavras."
(Roland Barthes)

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"A mocinha me tentando com seu parado de águas; a boniteza dela esteve em minhas carnes". 
(Guimarães Rosa)

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"As paixões são com ventanias que enfurnam as velas dos navios, fazendo-os navegar; outras vezes podem fazê-los naufragar, mas se não fossem elas, não haveriam viagens nem aventuras nem novas descobertas."
(Voltaire)

É tempo de arte! AgendArte!

Essa é uma agenda que sempre adorei: Agenda Arte. Ela é  feita em Curitiba, de um povo que faz, curte e escreve arte por lá. Uma delícia de se ler! Transcrevo para cá algumas das tantas poesias impressas nessa arte ambulante. Apreciem sem moderação.

6.12.11

Descobriram o descoberto



‎"Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio teria despido
O português."
(Oswaldo de Andrade)